Dizem que faço uma música que agrega manifestações musicais brasileiras e de outros cantos do mundo. Sons que não se encaixam em um único gênero e desconhecem limites. Eu concordo. Pelo menos, é o que tento!

 Vim para o Rio de Janeiro no final dos anos 70, início dos 80. 

Naquela época tínhamos pouco espaço ou recursos para música em Recife. O Rio seria um possível ou provável crescimento.

Morei com alguns amigos, compositores, que são até hoje meus parceiros em tudo.  Dividimos por algum tempo um apartamento na Urca, depois uma casinha numa vila em Botafogo, famosa por ter sido moradia de Macalé e Sônia Braga. Depois fomos para Santa Teresa. Todos sempre juntos. Compondo , criando, tentando sobreviver numa época em que nosso som era uma mistura do regional com MPB e o mercado só trabalhava com o rock. Não foi fácil, mas certamente foi fundamental pro que faço hoje.

Tenho a felicidade de ter sido gravado por muitos talentos que permeiam todos os tipos de som. Elba foi a primeira a gravar uma canção minha, depois vieram Fernanda Abreu, O Rappa, Milton Nascimento, Maria Rita, Maria Bethânia e muitos outros que confirmaram que minha verdadeira vocação é a composição.

Adoro produzir e, como sempre faço meus próprios CDs, fui convidado a trabalhar com alguns amigos. Produzi “Segundo” de Maria Rita, “De uns tempos pra cá” de Chico César, “Lonji” de Tcheka, cantor e compositor do Cabo Verde, e “Ponto Enredo” de Pedro Luis e a Parede.

Gosto de novos desafios e sempre fui fã do grupo de dança O Corpo. Por isso foi muito bacana ter feito “Breu” e ver pela primeira vez minha música em três dimensões. Trabalhei em televisão com diretores que admiro profundamente, como Guel Arraes e Jorge Furtado. Para eles fiz a direção musical de “Caramuru a Invenção do Brasil” que depois de minissérie, virou um longa-metragem. Tive também a honra de fazer a direção musical de “Cambaio”, musical de João Falcão e Adriana Falcão, baseado em canções de Chico Buarque e Edu Lobo.

De todos os meus CDs, elejo o “Olho de Peixe” como o mais importante de minha carreira, porque foi com ele que eu descobri que a música poderia me levar a qualquer lugar.

É o que faço até hoje, e que pretendo continuar fazendo por muito tempo.